O Museu do Seringal Vila Paraíso retomou as atividades nesta sexta-feira (13/08) e recebeu turistas e grupos de estudantes. O espaço, administrado pelo Governo do Amazonas por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, fica localizado no igarapé São João, no Tarumã-Mirim, com acesso somente por via fluvial.
O ponto de partida é na Marina do Davi, na Ponta Negra, de onde saem, de hora em hora, embarcações da Cooperativa dos Profissionais de Transporte Fluvial da Marina do Davi (Acamdaf). Cada trecho, no caso, ida e volta, custa R$ 16, por pessoa.
O equipamento que reproduz o cenário de um seringal a partir da infraestrutura do filme “A Selva”, gravado em 2001, funciona de terça-feira a sábado, das 9h às 15h. A entrada é de R$ 10, por pessoa.
Primeiro visitante na reabertura do Museu do Seringal, Antonio José, de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, contou que o espaço fecha o seu roteiro de uma semana de viagem no Estado. Ele também esteve no Teatro Amazonas e no Centro Cultural dos Povos da Amazônia.
“É a primeira vez que venho ao Amazonas, sempre tive vontade de conhecer, de ter contato com a floresta amazônica e o museu é encantador, traz curiosidades que eu não conhecia da história da borracha, a partir do filme rodado por aqui”, comentou o engenheiro agrônomo.
A guia de turismo Marilene Souza, que trabalha no Museu do Seringal há oito anos, disse que estava na expectativa para receber o público.
“É uma alegria muito grande, estávamos com saudade de mostrar ao turista um pouco da história, por meio do nosso espaço”, afirmou a profissional. “É gratificante mediar esse passeio dinâmico. Entre o que as pessoas mais gostam de escutar está a extração do látex, principalmente as crianças, que adoram saber sobre os produtos feitos do líquido que vem da Seringueira. Já os jovens gostam de saber mais sobre os personagens do filme”, relatou.
Quem também comemorou a volta das atividades foi Manoel Henrique de Souza, o Jaime, ex-seringueiro que trabalhou no Acre por mais de 30 anos. Durante as visitas, ele compartilha a experiência vivida em um seringal e faz demonstrações como cortes na Seringueira e defumação da borracha.
“Eu cortei muita Seringueira no interior do Amazonas, uma vida muito sofrida, mas, hoje, estou contente com a reabertura do nosso museu, de trabalhar contando a minha trajetória, a história-viva”, destacou o funcionário da casa.
Visita em grupos – O professor de Filosofia José Carlos Ferreira levou dois grupos de alunos do Colégio da Polícia Militar Marcantônio Vilaça 2, dentro da programação do projeto “Amazone-se”. Ele explicou que as excursões acontecem nas sextas-feiras, até o dia 17 de setembro.
“O projeto iniciou em 2017 e, nestas visitas, trabalho com os alunos do nono ano do Ensino Fundamental e do terceiro ano do Ensino Médio sobre a sociedade da borracha. É importante mostrar referências do que aconteceu no nosso Estado”, contou o idealizador da proposta. E acrescentou que dessa forma se torna muito mais interessante absorver conhecimento sobre a cultura.
A professora Gisella Vieira Braga, que mantém o perfil Manaus de Antigamente no Instagram (@manausdeantigamente), esteve no Museu do Seringal para uma visita técnica. Ela organiza grupos com seguidores da página para expedições pedagógicas.
“Estendo meu trabalho da sala de aula para fora, para quem quer aprender mais sobre Manaus, sobre pequenos detalhes da cidade e esse encontro é uma aula, aprendizado para que possamos entender a construção histórica”, detalhou a professora. “Essa visita de hoje é para fazer o mapeamento do local e do trajeto, para perceber as mudanças que ocorreram no período que o museu esteve fechado, porque sei que a Secretaria realizou manutenção e reformas”, frisou.
Roteiro – A visitação, em 45 minutos, apresenta o Casarão, residência do seringalista, e o Barracão de Aviamento, com artigos manufaturados e industrializados vendidos aos seringueiros.
Estão entre os destaques a capela dedicada à Nossa Senhora da Conceição, e a Casa de Banho das Mulheres, o “Banho de Yaya”, além da trilha que leva à estrada com as seringueiras, ao Tapiri de Defumação da Borracha, à casa do seringueiro, ao rústico cemitério cenográfico e à Casa de Farinha.
No local estão móveis e utensílios que representavam a riqueza dos seringais no auge da valorização econômica da borracha.
O filme “A Selva” teve a participação de Maitê Proença, Chico Díaz, Gracindo Júnior, Cláudio Marzo, Roberto Bonfim, José Dumont e o ator português Diogo Morgado como protagonista.
Protocolos – O Museu do Seringal adotou todos os procedimentos necessários para evitar o risco de contaminação e garantir a segurança das pessoas, como o uso obrigatório de máscara, medição da temperatura e distanciamento de 1,5 metro. É proibido ainda o contato físico com elementos dos espaços, como colunas, paredes, vitrines expositoras e portas.
O espaço cultural passou por processo de sanitização e tem totens de álcool em gel em pontos estratégicos. As equipes são treinadas para o cumprimento dos protocolos de segurança e evitar aglomeração.