No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, vídeo tour das obras modernistas também está disponível nas redes sociais da @culturadoam
No centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa apresenta uma coleção de obras de artistas brasileiros e amazonenses que retratam o período que revolucionou a arte no país. As telas estão expostas na Pinacoteca do Amazonas, localizada no Palacete Provincial (Praça Heliodoro Balbi, Centro). Além disso, um vídeo tour pode ser conferido nas redes sociais da @culturadoam.
Buscando uma identidade artística nacional, escritores, poetas, artistas e arquitetos movimentaram o Brasil com a Semana de Arte Moderna de São Paulo, em 1922. No Amazonas, a presença modernista se manifestou com o Clube da Madrugada, que a partir de 1954 trouxe o novo olhar para a cultura do estado.
De acordo com o artista plástico, Turenko Beça, ao menos cinco obras modernistas são imperdíveis na Pinacoteca. O destaque vai para os artistas Burle Marx, Moacir de Andrade, Ademar Guerra, Oswaldo Goeldi e Auxiliadora Zuazo.
A Pinacoteca está aberta à visitação de quarta-feira a sábado, das 9h às 15h, com entrada gratuita, mediante agendamento pelo Portal da Cultura (www.cultura.am.gov.br).
Confira algumas obras:
Burle Marx – “Sem Título”
Burle Marx foi um pintor notável e renomado paisagista modernista. A Pinacoteca tem em exposição obras que retratam os traços do cubismo e também a natureza morta feitas pelo artista.
“A gente tem aqui na Pinacoteca uma das obras do Burle Marx, que é sem título, mas é uma guache interessantíssima. Tem ainda uma geometrização, o que denota um pouco dessa desconstrução que os cubistas faziam de mostrar todas as faces geométricas. Aqui uma natureza morta, que também é desconstruída com cores fortes e que leva a gente a pensar na questão da Amazônia, por conta dos peixes”, detalha Turenko sobre as obras.
Oswaldo Goeldi – “Sem Título”
Oswaldo Goeldi é considerado um dos grandes nomes do modernismo no Brasil e o Amazonas também tem acervo do artista carioca na Pinacoteca. A xilogravura (gravura em madeira) é uma das principais técnicas do artista, e na Pinacoteca os visitantes podem apreciar obras do pintor modernista.
“O Goeldi faz muita xilogravura e aqui (na Pinacoteca) é bacana porque as ‘xilos’ dele são coloridas. E as xilogravuras coloridas são mais complexas de fazer, porque tem que ter mais matrizes para fazer também. São obras belíssimas de um artista muito importante para o modernismo”, diz o Turenko.
Moacir Andrade – “Soltando balão”
Reconhecido como um dos fundadores do Clube da Madrugada, o manauara Moacir Andrade tem grande notoriedade e produção artística no movimento modernista amazonense. Para Turenko, a obra de destaque do artista na Pinacoteca é “Soltando balão”. A retratação dos costumes do então Brasil Rural é forte no trabalho de Moacir e é uma característica do modernismo brasileiro, segundo Turenko.
“Moacir era um grande pintor, muito produtivo, foi diretor da Pinacoteca, ele era um estudioso da Amazônia, da antropologia, dos contos, dos mitos, das lendas, tem livros publicados. O trabalho dele é de muita qualidade”, afirma.
Ademar Guerra – “Operários”
Entre os quadros de Ademar Guerra, expostos na Pinacoteca do Amazonas, Turenko ressaltou “Operários”. Nele, o artista utiliza alegorias em forma de folhas coloridas, representando os operários entrando em uma fábrica.
“O Ademar Guerra também foi fundador do Clube da Madrugada, também foi um pintor incrível e escrevia também. O conjunto dele que está exposto aqui na Pinacoteca é bem emblemático da obra dele. No quadro ‘Operários’ o Ademar faz a estratégia de carimbo com as folhas, que era um experimentalismo da época. Bastante interessante também”, pontua Turenko.
Auxiliadora Zuazo – “As Amazonas”
Turenko revela que a participação feminina foi ativa no Clube da Madrugada. Na Pinacoteca, as obras em xilogravura da artista Auxiliadora Zuazo são exemplos dessa expressão feminina na arte moderna.
“O Clube da Madrugada vai ter representatividade feminina sim. Principalmente na literatura e na escrita, que nós temos a Leyla Leong. E a gente tem a Zuazo, com gravuras incríveis, desenhos a (tinta) nanquim que mostra justamente a paisagem amazônica, os casarios, os caboclos, as próprias ‘Amazonas’ (mitologia), em que ela reforça muito esse background no Clube da Madrugada”, finaliza.