Projeto leva teatro como forma de preservação cultural a áreas mais afastadas, onde a cultura é forte e menos valorizada

O projeto palco das águas tem em seu propósito levar o teatro para onde a vida amazônica pulsa com mais força, nas margens dos rios Solimões e Tefé. O projeto é idealizado por Joaquim Quirino, de 84 anos, artista e guardião da memória cultural do município de Tefé (distante 523 quilômetros de Manaus).
Realizado com apoio do Governo do Estado do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Conselho Estadual de Cultura, bem como do Governo Federal, o projeto passou pelas etapas de inscrição, seleção, ensaios e apresentações públicas.
Cada apresentação foi uma jornada, a equipe técnica navega em pequenas embarcações pelos rios e atracam as margens, a beira d’água, e ali montam o palco, dando uma vida e sentido diferente para cada uma como se fosse uma nova mostra, mas apenas o cenário muda fazendo tudo ganhar um visual diferente. Respeitando sempre o espaço, a natureza e, principalmente, os moradores que ali vivem.


O elenco, formado por atores e atrizes autodidatas com idades entre 50 e 80 anos, formaram o Palco das Águas no resgate de lendas, mitos e experiências místicas que atravessam gerações trazendo à tona histórias de encantados, criaturas sobrenaturais e vivências marcadas pela presença do rio.
O diferencial do projeto está na forma como arte, natureza e memória se entrelaçam. O rio não é apenas cenário, mas personagem e testemunha das narrativas contadas, elemento que simboliza a fluidez da vida, a força da ancestralidade e o poder da tradição oral. Cada gesto, cada palavra e cada lembrança partilhada se tornam atos de resistência cultural e afirmação da identidade amazônica.
Com um olhar voltado para a valorização da sabedoria popular, o Palco das Águas tem como missão preservar e transmitir o patrimônio imaterial das comunidades ribeirinhas, fortalecendo o sentido de pertencimento e despertando novas gerações para a importância da cultura local.

O projeto também se propôs a democratizar o acesso à arte, levando o teatro e a contação de histórias a lugares onde a expressão artística ainda é rara, mas profundamente necessária. Vale ressaltar que o projeto tem planos futuros de ampliação e de levar os espetáculos de teatros para mais lugares que contam com pouco acesso.





