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Biblioteca Braille do Amazonas destaca inclusão cultural no Dia Mundial do Braille

A data alerta para a necessidade de aumentar a conscientização sobre a importância do sistema inclusivo

“O dia em que todas as pessoas com deficiência visual conseguiram descobrir o mundo com os dedos”. É o que diz Gilson Mauro, gerente da Biblioteca Braille do Amazonas (BBAM) sobre o Dia Mundial do Braille, celebrado neste 4 de janeiro. A data, que marca o nascimento de Louis Braille, criador do sistema, ressalta a importância do Braille como meio de democratização da comunicação e da plena realização dos direitos humanos entre as pessoas cegas.

Referência no estado, a Biblioteca Braille do Amazonas, tem um importante papel na integração desse público ao meio social, cultural, educacional e profissional. Com um acervo de mais de 50 mil obras entre livros digitalizados, livros falados, obras em Braille e filmes com audiodescrição, o espaço também disponibiliza estúdios de gravação, máquinas de escrever em Braille, computadores especiais, impressoras em Braille, scanners de voz e lupas eletrônicas.

A história de Gilson Mauro se confunde com a da Biblioteca Braille do Amazonas. O técnico, que tem deficiência visual e está à frente da instituição desde 2000, destaca o trabalho em prol das pessoas e as atividades culturais oferecidas pela Biblioteca, que já ganhou prêmios como o “Ser Humano Oswaldo Checcia” – prata na categoria Regional, em 2015, e na categoria Nacional, em 2016.

“O nosso espaço é público, é de todas as pessoas com deficiência, dos familiares, da comunidade, porque aqui a gente aprende braille, toca grandes instrumentos, lê e também usa os nossos vídeos acessíveis. Por isso, vale a pena sonhar como Luiz Braille sonhou. Vale a pena, sim, viver 24 anos aqui dentro levando alegria, emoção e amor por meio dos dedos”, declara o gerente.

O pequeno Miguel Santos, 11 anos, que frequenta o espaço desde 2019, é testemunha de todo esse acolhimento e aprendizado. “Olha, eu gosto de várias coisas que eu aprendo aqui, como tocar teclado, usar o reglete [régua usada por deficientes visuais para escrever em Braille] e ter aulas com o tio Gilson”, conta o jovem artista, que aprimorou o talento com o teclado nas oficinas de instrumentos musicais ofertadas pelo espaço.

Segundo Ronilson Santos, pai de Miguel, apesar do pequeno, que nasceu com deficiência, ter apoio didático na escola, foi na Biblioteca que ele aprendeu a tocar o instrumento e teve o primeiro contato com o sistema Braille. “Algumas pessoas viram ele tocar em casa e me indicaram aqui, onde ele fez um teste e está até hoje. Eu incentivei só no teclado, que eu comprei e ele foi desenvolvendo”, afirma.

Administrada pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, a Biblioteca Braille funciona de segunda à sexta, das 8h às 17h. Inicialmente implantada no prédio da Biblioteca Pública do Amazonas, em 1999, desde 2008 a instituição está instalada no Bloco C do Centro de Convenções – Sambódromo (Av. Pedro Teixeira, 2565, Dom Pedro).

FOTOS: Arquivo e Marcely Gomes / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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