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Biblioteca Pública do Amazonas: espaço centenário coleciona histórias de funcionários e frequentadores

Construído no período de 1904 e 1912, o edifício-sede recebe cerca de 3 mil visitantes por ano

A Biblioteca Pública do Amazonas, administrada pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, que foi construída no período de 1904 e 1912, abriga obras raras, periódicos antigos e um material acadêmico extenso. No Dia Nacional da Biblioteca, comemorado nesta terça-feira (09/04), destacamos histórias de quem, mesmo na era digital, não abre mão de visitar o espaço cultural para fazer pesquisas e leituras.

O escritor e diretor do Departamento de Bibliotecas da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa, Márcio Souza, tem uma relação antiga com o espaço. Desde criança, costumava ir até a Biblioteca Pública do Amazonas para ter acesso aos livros que chegavam mensalmente. Hoje, responsável por administrar o local que tanto admira, conta quem são as pessoas que costumam frequentar o espaço.

“Temos muitos senhores que ainda têm o hábito de vir aqui para ler jornal. Além disso, muitos universitários buscam o espaço para realizar pesquisas bibliográficas. Ainda contamos com as crianças, que geralmente vêm acompanhadas dos professores. É uma tradição muito antiga. Eu mesmo, mais novo, também realizava essas visitas”, disse o escritor, Márcio Souza.

Em meio ao acervo de 300 mil itens, entre livros, jornais e revistas, o bibliotecário David Carvalho conta um pouco da relação dele com o espaço, onde trabalha há 11 anos na função e também ressalta o papel importante do Estado para manter as memórias do local vivas para os moradores da cidade.

“Quando eu cheguei aqui, foi uma descoberta para mim como profissional e como cidadão também, de como a história desse lugar é tão importante. Eu tive como objetivo de trabalho e de vida mostrar para as pessoas o quanto esse local é importante. As políticas de apoio a esses espaços e a manutenção eles são muito importantes para as pessoas que frequentaram a biblioteca voltarem a frequentar, e para as pessoas que nunca frequentaram, começarem a conhecer e tornar isso um hábito delas”, falou o bibliotecário, David Carvalho.

O roteirista de quadrinhos, Evaldo Vasconcelos, frequenta regularmente a Biblioteca Pública do Amazonas desde criança, quando ia acompanhado dos pais. Durante a adolescência, as idas eram mais frequentes para realizar as pesquisas da escola. Mas foi na fase adulta que a relação do roteirista ficou mais séria com o local. Hoje, ele utiliza o acervo do espaço para produzir as histórias em quadrinhos.

“Na minha área, que é a de história em quadrinhos, tem obras que você não encontra na internet, mas tem aqui no acervo da biblioteca. Realizei um evento aqui e o que mais escutei das pessoas foi que elas não sabiam que tinha tudo isso por aqui”, falou o frequentador, Evaldo Vasconcelos.

Histórico
O primeiro ambiente público de cunho oficial e institucional a serviço da leitura e do livro na província amazonense foi a sala de leitura, criada em 1871. Ela foi instalada em um velho sobrado, onde funcionava o Liceu da cidade, na Travessa da Imperatriz.

Somente em 1883, a Biblioteca Pública Provincial era inaugurada e foi instalada na ala oriental do Consistório da Igreja Matriz Nossa Senhora da Conceição. A Biblioteca Pública Provincial ficou instalada no local até 1888, quando foi transferida para o prédio do Liceu (atual Colégio Dom Pedro II), que tinha sido inaugurado no ano anterior.

O espaço atual

No térreo, é possível encontrar o balcão de atendimento ao cliente e ver a famosa escadaria principal em arco aberto em ferro trabalhado, que foi encomendada da cidade de Glasgow, na Escócia. Dois salões se encontram no primeiro andar: Genesino Braga e Thália Phedra Borges dos Santos. O primeiro é um espaço multiuso para ações culturais, onde os visitantes têm acesso a um acervo da literatura amazônica, nacional, estrangeira e biografias. O espaço também reserva livros e materiais educativos para crianças e uma quadrinhoteca com mais de 3 mil quadrinhos, incluindo o acervo pessoal de Joaquim Marinho e o Sebo Arqueólogo. No segundo espaço, dedicado à Thália Phedra – diretora da Biblioteca Pública entre os anos de 1975 e 1983 – o acervo é de obras gerais, contemplando todas as áreas do conhecimento.

Já no segundo, o estudante pode encontrar cerca de 35 mil volumes dos mais variados temas para pesquisa, além de um lugar confortável para ler e estudar. No segundo andar, a Biblioteca Pública encanta pela arquitetura. No teto, estão esculpidos os rostos de quatro famosas figuras representando as artes e letras: o jurista Teixeira de Freitas, o romancista Antônio Gonçalves Dias, o maestro Antônio Carlos Gomes e Johannes Gutenberg, criador da imprensa. Ao centro do hall superior, um quadro belíssimo chama a atenção dos visitantes: “A Redempção do Amazonas”, de Aurélio de Figueiredo. A obra que fala da abolição da escravatura no Amazonas tem dimensão de 6,65m x 3,65m.

Mais dois salões se encontram no segundo andar. No Salão Lourenço Pessoa é possível encontrar obras raras, como o manuscrito de São Bernardo, de Graciliano
Ramos, além de exemplares de leis, decretos e regulamentos que fazem parte da
história do estado. Ainda no segundo andar, há o salão Maria Luiza de Magalhães Cordeiro que traz um acervo de jornais de Manaus, sendo o mais antigo datado de 28 de julho de 1864. A rica Coleção Amazoniana também faz parte do acervo no salão que homenageia a bibliotecária e professora Maria Luiza de Magalhães Cordeiro, a primeira mulher no cargo de diretora da Biblioteca Pública do Amazonas.

FOTOS: Alex Pazuello/Secom

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