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Caprichoso e Garantido: Rivalidade de gerações com identidade cultural

História de famílias distintas que se assemelham pelo amor aos bumbás

FOTOS: Michael Dantas / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

Protagonistas do Festival Folclórico de Parintins, Caprichoso e Garantido se enfrentam na última noite de festa na arena do Bumbódromo, neste domingo (26/06). A rivalidade entre os bumbás, representada em forma de espetáculo, com personagens, música, poesia e cultura amazônica, neste ano, chegou a sua 55ª edição.

A história do Caprichoso e do Garantido, carregada de memória afetiva, ancestralidade cultural, defesa da floresta, traz a essência da vida na Amazônia sustentável.

O Caprichoso, conhecido como Touro Negro, foi fundado em 1913, pelas mãos de famílias nordestinas, Cid e Gonzaga. A brincadeira que nasceu nos quintais das casas de madeira, ecoava versos de saudação e enaltecimento, nas vozes dos fundadores e logo se transformaram em desafios fortes para o contrário.

O bumbá azul ganhou as ruas da cidade, incorporou às tradições locais. As pessoas passavam, mas o Caprichoso não, sendo recebido por um novo dono, uma nova família que, tradicionalmente, se tornava a guardiã do boi, responsável por organizar as saídas do boi nas ruas de Parintins.

O projeto social Fundação Boi-Bumbá Caprichoso, denominado Escola de Artes Irmão Miguel de Pascalle, envolve crianças e adolescentes que exercitam e desenvolvem o potencial intelectual e artístico nas oficinas de artes, dando um retorno à comunidade e ao festival. Fundada em 1998, a escola já revelou mais de 5.500 artistas que podem ser vistos nos galpões, no conselho de arte, na dança, na música e em todos os segmentos.

Coração na Testa

FOTOS: Michael Dantas / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

A história do Garantido, conhecido também como Boi do Povão, narra a saga da família Monteverde. Os primeiros antepassados do Garantido no Brasil foram Alexandre Monteverde da Silva, descendente de franceses, e Germana da Silva, filha de um casal proveniente da Ilha de Cabo Verde (África), que chegou a Parintins por volta de 1820. Desta união nasceu Alexandrina Monteverde da Silva, a Dona Xanda. Por sua vez, do seu casamento com Marcelo Silva, nasceu um curumim chamado Lindolfo Monteverde. O menino cresceu cheio de sonhos, alimentados pelas histórias da sua avó, sobre um boi que dançava nas noites de São João para alegrar adultos e crianças no Maranhão.

De acordo com a versão oficial adotada pela Associação Folclórica Boi-Bumbá Garantido, quando Lindolfo foi acometido por uma doença grave e, temendo a morte, fez uma promessa a São João Batista: “Se ficasse curado, enquanto vida tivesse, colocaria um boi nas ruas para alegrar as pessoas”. A graça foi alcançada e, desde então, o Garantido vem honrando o compromisso do fundador, daí um dos nomes Boi da Promessa.

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