Com influências de países como Egito, Israel, Índia, Líbano, Síria e Palestina, essas danças têm ganhado cada vez mais popularidade no Amazonas
O Festival Folclórico do Amazonas Categoria Ouro, que teve início no dia 12 de julho, vem trazendo visibilidade para o folclore da região com apresentações das mais diversas categorias de danças regionais, nacionais e internacionais. A 66º edição do evento recebe milhares de pessoas todos os dias, no Centro Cultural dos Povos da Amazônia, avenida Silves, Distrito Industrial (antiga Bola da Suframa).
A categoria Ouro é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, e tem o objetivo de fomentar a cultura por intermédio das tradições e do folclore do Amazonas, trazendo visibilidade e difusão para a cultura da região.
Durante a sexta-feira e o sábado (19 e 20/07), o festival apresentou uma variedade de performances de dança, incluindo a Dança Internacional com grupos como Caxemira, Artística Caracalla, Daraj, Odalik e o Grupo Amazonense Arte Livre de Danças-Gald.
De acordo com o Secretário de Cultura e Economia Criativa, Marcos Apolo Muniz, o Festival Folclórico do Amazonas é um evento que abre espaço para todos os movimentos culturais das comunidades, dos tradicionais à cultura folclórica.
“A gente percebe aqui, hoje, que eles estão muito empenhados em fazer esse trabalho durante mais um ano, não só de manter a tradição, de manter a representatividade, mas, acima de tudo, de fortalecer esse movimento cultural”, disse o secretário.
Segundo Apolo, o Governo Wilson Lima tem se dedicado a fornecer a estrutura necessária para essas grandiosas apresentações. “Parabenizo todos os grupos pelo trabalho realizado em prol das comunidades a cada ano, trazendo alegria para muitos que se apresentam aqui na arena hoje”, destacou o secretário.
No Amazonas
A cultura amazonense é rica em uma diversidade de Danças Populares, também conhecidas como Danças Internacionais, influenciadas por etnias de países como Egito, Israel, Índia, Líbano, Síria e Palestina, que deixaram sua marca na cultura local, por meio de seus imigrantes.
Essas danças têm conquistado o carinho e o interesse do povo, se tornado cada vez mais populares no estado do Amazonas.
Uma das apresentações de danças internacionais que contagiou o público, foi do Grupo Daraj, com mais de 28 anos de trajetória. Criado em 1999, no bairro São Jorge, o grupo tem direção geral de Karina Nunes e surgiu da necessidade de promover a diversidade cultural da região.
A presidente do grupo, Karina Nunes, comenta sobre a importância de manter a tradição cultural, “Estamos nesse caminho árduo, mantendo a cultura do nosso estado viva, principalmente a modalidade de dança internacional, que está tão escassa hoje em dia”, destacou.
Nesta edição, a Cia apresentou o tema “La Bayadere”, que foi inspirado em um poema do período do romantismo, que se passa na Índia e conta a história do amor trágico entre a dançarina do templo Nikiya e o guerreiro Solor.
O coreógrafo Ewerton Rodrigo, 39, é um talentoso ensaísta e coreógrafo autodidata do Amazonas. Além de ter uma grande experiência de danças étnicas, incluindo indianas e árabes. Ewerton diz que a dança internacional, especialmente a árabe, tem uma importância muito grande na sua vida, por ter ascendência turco-libanesa.
“Os libaneses chegaram aqui na Amazônia e fizeram essa miscigenação. Antigamente o Sírio Libanês que fazia campeonato, o tradicional marquesiano. Então, hoje, com 25 anos dessa experiência, isso se tornou algo muito grande para mim”, disse Rodrigo.
Hoje, ele integra o grupo “Odalik”, que apresentou nesta edição do festival a história do início do reinado de Suleiman, o Magnífico (1494-1566), com um enfoque especial na vida palaciana, em especial seu relacionamento com Roxelana.
Neoárabe
Criado no ano de 1988, o grupo Odalik tem como propósito divulgar a dança árabe, mas com o tempo foram adicionadas novas ideias ao estilo original, criando o que muitos chamam de Neoárabe.
A diretora coreógrafa e Presidente do Grupo Amazonense Livre de Danças-Gald, Jussara Régis, 48, tem mais de 40 anos de experiência no folclore e no carnaval. Segundo ela, o seu grupo de dança é um reflexo da diversidade amazonense, no qual é apresentada uma cultura nova a cada ano, podendo ser indiana, egípcia, árabe ou até africana. Nesta edição, o grupo explorou a cultura indiana.
Fundado no ano de 2007, o Grupo Gald surgiu como desmembramento da Dança Internacional Beirute. Com sede no bairro de Nossa Senhora das Graças, o grupo tem seu estilo alicerçado no Moderno e Contemporâneo, mas com base no folclórico.
“Há anos existem várias culturas internacionais como indiana, árabe, egípcia, libanesa. E a gente vem abrangendo, abrindo as portas que antes não eram muito conhecidas. Mas hoje em dia, essas danças são muito esperadas pelo público, porque sempre vêm inovando e mostrando um trabalho rico e diferenciado”, contou Jussara.
Nesta edição, o Grupo Gald trouxe o espetáculo “Chitrangada, a Princesa Guerreira”. Esta produção é uma releitura do conto homônimo, narrado no clássico poema épico indiano “Mahabharata”, umas das obras literárias mais antigas da humanidade.
A programação do festival acontece até dia 27 de julho, sendo realizada no Centro Cultural do Povos da Amazônia até dia 24 de julho. Nos dias 26 e 27, o evento acontece no Sambódromo, zona Centro-Sul. A entrada é gratuita.
FOTOS: Arthur Castro/Secom e David Martins / Secretaria de Cultura e Economia Criativa
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