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Espetáculo teatral, farinhada e ciclo da borracha integram a programação da 22º Semana dos Museus no Museu do Seringal

A Semana Nacional dos Museus é uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa

O Museu do Seringal, situado no Igarapé São João, afluente do Igarapé do Tarumã-Mirim, na zona rural de Manaus, sediou mais uma edição da Semana dos Museus, nesta terça-feira (14/05). O evento, que iniciou às 9h, contou com atrações especiais e uma encenação teatral produzida pelos próprios funcionários do museu. As atividades foram direcionadas principalmente para os moradores das comunidades locais, mas contaram também com a participação de turistas visitantes do museu.

A diretora do departamento de gestão de museus da Secretaria de Cultura e Economia Criativa, Aline Santana, destaca o propósito dessa realização que faz parte da Semana Nacional dos Museus.

“A intenção é mostrar um pouco da história do seringueiro, do seringalista, a forma como se faz a farinha, mostrando o ciclo da borracha de uma forma diferenciada, teatralizada. Então aqui no Museu do Seringal estamos com essa atividade e lá no Palacete Provincial também nós temos atividades de rodas de conversa, palestras, encenações, saraus, assim como no Museu Do homem do Norte também”, destaca a diretora.

O espetáculo teatral iniciou com uma encenação realizada por funcionários do museu, retratando trabalhadores chegando ao museu em busca de abrigo e comida em troca de trabalho. Os seringalistas discutiam o pagamento, com a maior parte dos ganhos sendo destinada ao coronel.

Os trabalhadores eram apresentados aos materiais utilizados, como a “poronga”, uma espécie de lamparina usada na cabeça para deixar as mãos livres, raspador, faca, tigelas e balde para coletar látex e transformá-lo em borracha. Insatisfeitos com a proposta, os trabalhadores enfrentaram o coronel, sendo surpreendidos com sua brutalidade, culminando em um ato de violência.

Essa encenação reflete as condições enfrentadas pelos trabalhadores na região Norte do Brasil entre as décadas de 1880 e 1910, onde a mão de obra não qualificada era submetida a condições severas de trabalho, com consequências fatais em caso de não cumprimento das tarefas.

Em seguida, Emilson Araújo, gerente do museu, ensinou o processo de produção da farinha. “Começa com a mandioca, que é descascada, deixada de molho por alguns dias, depois é lavada e cevada para remover a casca. Após a secagem, é peneirada, a farinha vai para o torrador agrícola, onde é adicionado óleo para evitar que grude. Em seguida, é escaldada e seca ao fogo. O líquido restante pode ser reutilizado ou usado para fazer tucupi. A casca pode ser utilizada como adubo para plantas ou alimentação animal.” explica o gerente.

Putira, nome indígena de Analina Martins Tomaz, indígena da Etnia Baré, mora na Comunidade Nossa Senhora do Livramento, que fica nas redondezas do museu, se destaca por seu trabalho artesanal utilizando materiais naturais como caroço de açaí, caroço de buriti, cipó e penas de pássaros.

“A gente tem um prazer de trabalhar com o que a gente tem, sem derrubar a natureza, porque é desses recursos que a gente vive, do nosso próprio ambiente, e mostrando assim um pouco da nossa cultura, que é cultura indígena, que através dela nós somos povos tradicionais e cultivamos a nossa cultura, tanto no vestimento, no artesanato, na comida culinária, que nós amazonenses amamos comer mais peixe, que é a nossa tradição” comenta Putira.

Yasi Lua, nome indígena de Luana Batista, também mora na comunidade Nossa Senhora do Livramento, e trabalha no museu do seringal desde o ano passado, fazendo grafismos, artesanatos, brincos e pinturas no rosto. Ela comentou sobre a origem das tintas que utiliza em suas obras. “As tintas para fazer o grafismo são feitas por nós, utilizando frutas como o jenipapo. Os estilos de grafismo mais utilizados são Dente de traíra, couro de jacaré, olho de gafanhoto, buía, onça, esteira, peneira. Comenta Yasi.

Durante as atividades, o ex-seringueiro e atual assistente administrativo do museu, Manoel Henrique, conhecido carinhosamente como ‘Seu Jaime’, compartilhou suas vivências demonstrando o processo de produção da borracha:

“Os seringueiros começam seu trabalho às 1h da manhã, cortando a seringueira, e passam de 15 a 18 horas por dia nessa tarefa exaustiva. Por volta das 10h da manhã, terminam o corte, e por volta das 16h, fazem a colheita. Após isso, o látex é defumado utilizando o fogo da fornalha”, detalhou.

“O processo continua com o látex sendo colocado em uma bacia e defumado, enquanto é manipulado pelo seringueiro para garantir que fique uniformemente coberto. Esse processo de defumação pode durar de 1 a 3 horas, dependendo da quantidade de látex utilizada”, ensinou “Seu Jaime”.

Já os visitantes do Museu do Seringal vão contar com uma imersão no período do ciclo da borracha, por meio de uma encenação teatral produzida pelos próprios funcionários do museu. A partir das 9h, o espaço vai oferecer atrações especiais para as escolas de comunidades próximas, como a história da farinhada, o processo de produção da farinha e o testemunho de “Seu Jaime”, ex-seringueiro que vai compartilhar um pouco de suas vivências com o público presente.

A próxima farinhada no Museu do Seringal Vila Paraíso está agendada para o dia 17 de maio, às 9h, com ingresso pago para o público em geral.

A programação completa da Semana Nacional dos Museus no Amazonas, pode ser encontrada no Instagram @culturadoam.

Endereços:
– Palacete Provincial (Pinacoteca do Amazonas)- Praça Heliodoro Balbi, Centro
– Museu do Seringal – Igarapé São João – Afluente do Igarapé do Tarumã – Mirim
-Centro Cultural Povos da Amazônia (Museu Homem do Norte) – Avenida Silves, Distrito Industrial

Fotos: Marcely Gomes / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

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