Exposição “Amazônia Preta” celebra a potência da negritude na arte amazônica no Palacete Provincial

Com cortejo de maracatu, intervenção artística e apresentações musicais, a mostra “Amazônia Preta” celebra a ancestralidade e a força da população negra na arte amazônica


Foto: Aguilar Abecassis / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

O Palacete Provincial se transformou, no último sábado (1º/11), em um território de celebração, memória e ancestralidade com a abertura da exposição “Amazônia Preta”, projeto que exalta a força e a presença negra na arte amazônica. A cerimônia iniciou na área externa do Palacete, em frente à Praça Heliodoro Balbi, centro de Manaus, reunindo artistas, convidados e o público em um evento marcado por emoção, música e representatividade.

O mestre de cerimônia Kennedy destacou o apoio de patrocinadores e parceiros do projeto, bem como do Governo do Estado do Amazonas por meio da Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa. Em seguida, apresentou a intervenção “Gigantes da Memória”, uma instalação impactante na fachada do prédio, onde 17 janelas do piso superior foram ocupadas por ilustrações de personalidades negras da Amazônia, reverenciando nomes que marcaram a cultura, a ciência, a arte e a história da região.

Logo após, o público foi contagiado pelo som do Maracatu Pedra Encantada, que conduziu um cortejo vibrante desde o coreto da praça até a porta do Palacete. O grupo envolveu os presentes com cânticos e percussão, em uma performance simbólica que culminou na retirada do pano preto que cobria a entrada, gesto que marcou oficialmente a abertura da exposição.

A professora e batuqueira Ina Santos, integrante do grupo, ressaltou a força simbólica do momento: “Esse trabalho é de muita potência e relevância, porque traz o olhar do povo para a questão da negritude na Amazônia, que por muito tempo foi apagada. Através desse trabalho, a gente resgata a presença dos negros trazidos para cá e toda a herança e ancestralidade que carregamos. O tambor ecoa essa vibração, essa força dos nossos antepassados. Eu fico muito feliz de estar sendo homenageada e de fazer parte dessa abertura.”

Dentro do Palacete, o público foi recebido ao som do músico Dawino e seu grupo, que criaram uma atmosfera de contemplação com uma apresentação instrumental que combinou violão, violoncelo, flautas andinas e percussão.

A programação seguiu com falas oficiais conduzidas por Kennedy. O curador e idealizador do projeto, Marcelo Rufi, destacou que a mostra é um desdobramento do projeto “Pretoberânçias – Residência Artística”, contemplado pela Lei Aldir Blanc.

“Esses 16 artistas participaram de uma residência com apoio financeiro, materiais e consultoria. Essa exposição é parte do resultado dessa vivência. O objetivo maior é ocupar espaços históricos e contar outras histórias: as histórias das pessoas pretas na Amazônia. Existe uma falácia de que não há negros aqui, e essa mostra prova o contrário. A Amazônia é feita por muitos corpos, inclusive a população negra”, explicou Marcelo.

Artista Marcelo Rufi. Foto: Aguilar Abecassis / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

A exposição “Amazônia Preta” reúne obras de artistas residentes em diferentes linguagens, pintura, fotografia, instalação, escultura e performance, todas com o olhar voltado à negritude amazônica. O público pode interagir com as obras, que foram pensadas para serem acessíveis e táteis.

Entre os visitantes, a estudante da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Sabrina Mota destacou a importância de reconhecer a diversidade artística presente no evento:

“Vim prestigiar meus amigos Vicky e Bruno, e fiquei encantada. A exposição mostra que a Amazônia é preta e tem uma identidade forte. É muito linda e diversificada, com vários tipos de artistas. A música, a orquestra e toda a ambientação foram perfeitas”, disse.

A visitante Laís Fonseca também elogiou a pluralidade da mostra: “Acho incrível ver a quantidade de artistas negros que temos em Manaus. É muito bom ver essa pluralidade de expressões artísticas. A exposição é muito bonita, rica e cheia de obras marcantes. É importante o público manauara ver que há pessoas pretas produzindo arte aqui”, afirmou.

Visitante Laís Fonseca. Foto: Aguilar Abecassis / Secretaria de Cultura e Economia Criativa

O evento encerrou com um momento de confraternização, em um petit comité oferecido pelo Ateliêco, reunindo artistas, visitantes e convidados em um clima de celebração e trocas afetivas.

A exposição “Amazônia Preta” fica em cartaz no Palacete Provincial até o dia 22 de novembro, de segunda a sábado, das 9h às 15h, com entrada gratuita. O espaço conta com recursos de acessibilidade, incluindo tradução em Libras e obras interativas.

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