Floresta, cotidiano urbano e ancestralidade inspiram exposições na reabertura da Casa das Artes

Público poderá conferir uma programação diversificada, seis exposições individuais e um mural de graffiti, a partir de quarta-feira (17/09)

Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

A Casa das Artes, do Governo do Amazonas, administrada pela Secretaria de Cultura e Economia Criativa, reabre suas portas nesta quarta-feira (17/09), às 18h30, com entrada gratuita. O público poderá conferir uma programação diversificada, que reúne quatro exposições individuais, uma mostra coletiva e um mural de graffiti, reafirmando o espaço como referência no circuito das artes visuais em Manaus.

O curador da Casa das Artes, Cristóvão Coutinho, destaca que a programação contínua do espaço foi fundamental para consolidar um público fiel e ampliar a cena artística local e que o local tem conquistado cada vez mais visitantes.

“A Casa das Artes tem hoje um público fiel, com média de 1,5 mil a 2 mil pessoas por mês. Além de receber artistas já consolidados, também abre espaço para novos talentos, sobretudo jovens artistas urbanos que encontram aqui a primeira oportunidade de expor suas obras em um circuito oficial da cidade”, enfatizou Coutinho.

O artista Teonda, responsável pela exposição “Etnopsico”, explica que sua inspiração vem diretamente da floresta amazônica e de seus povos — indígenas, caboclos e ribeirinhos — além da força das medicinas tradicionais ligadas ao Santo Daime, religião que pratica.

Grafiteiro Teonda assina a exposição “Etnopsico”. Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

Estreando na Casa das Artes, o artista celebrou a oportunidade no espaço cedido pelo Governo do Amazonas para artistas amazonenses. “É um espaço que abre um leque para a gente, permitindo expandir o trabalho para além do universo do graffiti. Muitas pessoas ainda não sabem que também pintamos telas, e aqui temos a chance de mostrar um pouco dessa força da floresta para um público novo”, afirmou.

“Minha inspiração vem muito da floresta e dos povos da Amazônia: indígenas, ribeirinhos e caboclos. Trago também elementos das medicinas tradicionais e da religião amazônica que pratico, o Santo Daime. Minhas obras são uma síntese desse encontro entre a espiritualidade da floresta, o céu da Amazônia e uma estética psicodélica, enteógena, que encanta muita gente”, explica o artista.

O grafiteiro Cria assina o mural “Raízes Amazônicas”, localizado na lateral da Casa das Artes, pela rua Barroso, em homenagem ao cantor e compositor Chico da Silva. A escolha da imagem, explica, foi motivada pela força de uma fotografia que mostra o artista cantando, um registro que simboliza sua contribuição à cultura amazônica.

Grafiteiro Cria assina o mural “Raízes Amazônicas”. Foto: Aguilar Abecassis/Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa

Para ele, estar na Casa das Artes representa também a retomada de espaços de circulação cultural pelos grafiteiros: “Ocupar um espaço público como esse é muito importante. Não é só um prédio do Estado, mas um lugar de acesso livre, que aproxima as pessoas da nossa arte e dá visibilidade ao trabalho dos artistas urbanos amazonenses”, destacou.

Exposições

Na reabertura da Casa das Artes, o visitante poderá explorar as seguintes mostras:

Sala 1 – Mostra Coletiva “Poéticas – A Sensibilidade Estética Através do Desenho e da Pintura”, com obras de estudantes do Liceu de Artes e Ofícios Claudio Santoro, que propõem uma pausa para sentir a arte em sua essência.

Sala 2 – “Etnopsico”, de Teonda, traz traços que simbolizam a miscigenação de realismo, abstração e imaginário psicodélico, apresentando figuras indígenas em close-up com cores intensas e fluidas.

Sala 3 – “Você Vive o que Você Ama?”, da artista Alie, aborda a vivência pessoal desde a infância, reunindo mundos interiores e contornos sociais em uma reflexão sobre desigualdade, inclusão e relações humanas.

Sala 4 – “Verão Violento”, de Nico Ambrosio, reúne fotografias em preto e branco que registram o cotidiano visceral de Manaus, revelando contradições sociais e manifestações artísticas nos espaços urbanos.

Espaço Parede – “Sindérese”, de Tiago Atroch, apresenta desenhos em nanquim que dialogam com referências alquímicas, religiosas e regionalistas, explorando a transformação e as faculdades da alma.

Área externa (Rua Barroso) – mural “Raízes Amazônicas”, do grafiteiro Cria, em homenagem ao cantor e compositor Chico da Silva, reconhecido como patrimônio cultural da Amazônia.

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