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‘Mulheres da Ópera’ exalta personagens femininos no repertório operístico

Carol Martins e Mirian Abad. Foto: Michael Dantas/SEC

Uma donzela guerreira que desacata a ordem de seu pai, chefe dos deuses; e uma mulher independente, à frente do seu tempo, que não troca a liberdade por um amor. Essas são algumas das histórias interpretadas no projeto “Mulheres da Ópera”, que estreará na agenda do Festival Amazonas de Ópera (FAO), no dia 17 de maio, sexta-feira, às 16h, com apresentação gratuita no Centro Cultural Palácio Rio Negro, na avenida Sete de Setembro, 1.546, Centro.

O FAO é realizado pelo Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), com patrocínio master do Bradesco, por meio da Lei de Incentivo à Cultura, Ministério da Cidadania e Secretaria Especial de Cultura. A abertura foi no dia 26 de abril e o evento segue com apresentações de ópera, recitais e concertos até 30 de maio.

Em “Mulheres da Ópera”, as sopranos Carol Martins, Elane Monteiro, Mirian Abad e Raquel de Queiroz; e as mezzo-sopranos Kelly Fernandes e Yana Stravaganzzi, cantoras dos Corpos Artísticos do Estado, interpretam trechos de óperas que trazem personagens femininos emblemáticos, seja pela força, atitude ou pela beleza, em obras trágicas ou cômicas.

Uma das obras mais famosas do repertório operístico, “Carmen”, de Bizet, está presente no “Mulheres da Ópera”, com a ária “Chanson Bohème”. A ópera conta a história de Carmen, mulher independente que costuma seduzir os homens da cidade espanhola de Sevilha, à exceção do soldado Don José, que ama outra mulher. Determinada, Carmen consegue enfim conquistar o soldado, mas após tê-lo aos seus pés, descarta-o e se envolve com o toureiro Escamillo.

Outro destaque do programa é a “Cavalgada das Valquírias”, trecho da ópera “Die Walküre” (“A Valquíria”), de Richard Wagner, que narra a história de Brunhilde, filha do deus Wotan que, junto com suas irmãs donzelas guerreiras, as valquírias, tinha a missão de levar os mortos em batalha para a morada de seu pai. Mas Brunhilde ousa desobedecer a uma ordem de Wotan e é condenada a perder a imortalidade.


Empoderamento feminino – Roteirista e diretor cênico do espetáculo, Francis Madson destaca que “Mulheres da Ópera” traz um contorno cênico – a partir das referências dos recentes debates sobre empoderamento feminino e teorias feministas – que contrasta com as obras apresentadas, a fim de proporcionar o distanciamento crítico sobre essas árias.

“Na maioria das óperas, a forma como as mulheres são representadas é contrária às teorias feministas e a todo o debate dos últimos tempos sobre o lugar de fala”, observa. “Então, a direção, junto com a artista Viviane Palandi, organizou alguns contrapontos, que servem para reflexão”, diz. 

Madson adianta que, em contraponto à ária “O mio babbino caro”, de “Gianni Schicchi” (Giacomo Puccini), que abre a apresentação, serão projetadas imagens de revistas da década de 1950. “É uma obra cômica, na qual a filha mimada canta ao pai, chantageando-o. A gente faz esse contraste com projeção de revistas da década de 1950, que eram cartilhas de ‘bons modos’ às mulheres. Culturalmente, isso era muito bem difundido, a fim de instrumentalizar a mulher”, comenta.

O diretor destaca ainda que, em “È un anátema”, de “La Gioconda” (Amilcare Ponchielli), serão exibidas falas comuns que, infelizmente, contribuem com a violência. “Trata-se de uma briga monstruosa entre duas mulheres por um homem. Uma provando à outra quem é mais merecedora desse amor, então, a gente faz um contraste com a exibição de falas que são comuns ainda hoje, internalizadas pela sociedade, e que acabam dando força à violência contra as mulheres”, diz.

“Mulheres da Ópera” reúne música, poesia e lirismo. A criação do espetáculo contou com contribuição de todas as cantoras do elenco. “É uma grande experiência dar conta de um conjunto de árias e deixar isso o mais harmônico possível, fazendo o devido distanciamento desses temas com as questões feministas atuais”, diz. “Isso só foi possível porque nós abrimos espaço para que todas as cantoras relatassem como é ser mulher nesse lugar, como cantora, e nessa sociedade extremamente machista. Toda a força apresentada no espetáculo está sustentada por mulheres muito fortes e exímias profissionais do canto”.

O espetáculo “Mulheres da Ópera” também será apresentado no Shopping Ponta Negra, no dia 18/5, sábado, às 19h; na Fundação Bradesco, dia 22/5, quarta-feira, às 9h30 e às 15h30; na Fundação Cecon, dia 25/5, sábado, às 10h; e na Fundação Doutor Thomas, dia 27/5, segunda-feira, às 10h. 

Sobre o 22º FAO – Em 2019, o FAO celebra o centenário de nascimento de Claudio Santoro com a apresentação da ópera “Alma”, do compositor e maestro amazonense. Também estão na programação “Ernani”, de Giuseppe Verdi; “Maria Stuarda”, de Gaetano Donizetti; “Tosca”, de Giacomo Puccini; e “Mater Dolorosa”, baseada na cantata “Stabat Mater Dolorosa”, de Giovanni Pergolesi.

Os ingressos para o FAO 2019 estão à venda na bilheteria do Teatro Amazonas e pelo site Bilheteria Digital (www.bilheteriadigital.com/teatroamazonas), com valores que vão de R$ 2,50 a R$ 60.


A programação do festival abrange ainda o Recital Bradesco, com canções compostas por Claudio Santoro; o projeto “Ópera Mirim”; o encontro “Os Teatros de Ópera e a Economia Criativa na América Latina”, voltado para apresentar dados e casos de sucesso sobre a Indústria da Ópera na América Latina; o concerto do Dia das Mães; e Mulheres da Ópera.

Sobre o Bradesco Cultura – Com centenas de projetos patrocinados anualmente, o Bradesco acredita que a cultura é um agente transformador da sociedade. O Banco apoia iniciativas que contribuem para a sustentabilidade de manifestações culturais que acontecem de norte a sul do País, reforçando o seu compromisso com a democratização da arte.

São eventos regionais, feiras, exposições, centros culturais, orquestras, musicais e muitos outros, além do Teatro Bradesco em São Paulo. Fazem parte do calendário 2019 atrações como o musical “O Fantasma da Ópera” e o Natal do Bradesco, em Curitiba.

Programa

Giacomo Puccini: “Gianni Schicchi”

“O mio babbino caro” (Carol Martins)

Giacomo Puccini: “La Bohème”

“Quando me’n vo’” (Mirian Abad)

Giacomo Puccini: “La Bohème”

“Si, mi chiamano Mimi” (Elane Monteiro)

Giuseppe Verdi: “Un ballo in maschera”

“Invocazione: Re degli abisso, affrettati” (Kelly Fernandes)

Amilcare Ponchielli: “La Gioconda’

“Suicidio!” (Raquel de Queiroz)

Georges Bizet: “Carmen”

“Chanson Bohème” (Yana Stravaganzzi / Mirian Abad / Raquel de Queiroz)

Jacques Offenbach: “Os contos de Hoffmann”

“Barcarolle” (Carol Martins / Yana Stravaganzzi)

Amilcare Ponchielli: “La Gioconda”

“È un anatema” (Raquel de Queiroz / Kelly Fernandes)

Léo Delibes: “Lakmé”

“Viens, Mallika” (Elane Monteiro / Yana Stravaganzzi)

Richard Wagner: “Die Walküre”

“Cavalgada das Valquírias” (todas)

Ficha técnica

“Mulheres da Ópera”

Sopranos: Carol Martins, Elane Monteiro, Mirian Abad e Raquel de Queiroz

Mezzo-sopranos: Kelly Fernandes e Yana Stravaganzzi

Pianista: Pedro Panilha

Concepção, roteiro e direção cênica: Francis Madson

Direção musical: Marcelo de Jesus

Serviço: Estreia do “Mulheres da Ópera”
Data/hora: Dia 17 de maio, sexta-feira, às 16h
Local: Centro Cultural Palácio Rio Negro, avenida Sete de Setembro, 1.546, Centro 
Entrada: Gratuita
Classificação: Livre

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