Artista: Pito Silva | Curadoria: Diego Omar
Proposta: Uma imagem abre o livro de Ailton Krenak que inspira esse mural: algumas crianças remam uma canoa com suavidade, como quem saúda a natureza e celebra alegria e importância de viver e integrar-se a outras tantas vidas que as rodeiam. O mais velho do grupo, que “estava verbalizando essa experiência diz: ‘nossos pais dizem que nós já estamos chegando perto do que era antigamente’vi”. Nessa frase o autor encontra a beleza de viver em um tempo que não é marcado pela fuga para um futuro inalcançável e em um espaço que é o próprio território, como que em um encontro de gerações que repõe a consciência de ser e estar em um mundo (aqui e agora) e a necessidade de responsabilizar-se por ele. Essa mesma consciência nos têm sido dada por tantos indígenas – jovens e velhos – que enfim ocupam seus lugares, como intelectuais, artistas, influencers, gestores e si próprios em uma sociedade nacional que apenas 200 anos depois da independência e mais de cinco séculos após o início do processo de colonização, parece, enfim, querer reconciliar-se com suas origens. O Brasil é terra indígena! Nosso futuro é ancestral e, por isso, o mural celebra o encontro de cores e gerações, tão característico desse lugar, onde acontece o Festival Folclórico de Parintins.
Dimensões do mural: 21x9m (189 metros quadrados)
Justificativa:
Em junho de 2022, na fachada do Centro Cultural de Parintins – Bumbódromo – Liceu de Artes Claudio Santoro – Unidade Parintins foi pintado o mural intitulado “Vitória da Cultura Popular”, afinal, depois de dois anos sem o Festival Folclórico e de todo o sufoco da pandemia de Covid-19, a festa renascia em Parintins, dando de novo à cidade o ar benfazejo do folguedo dos Bois-Bumbás. Nesse ano, a proposta é pintar o lado oposto do Bumbódromo, voltado para a Avenida Paraíba. De frente para a concentração das agremiações folclóricas e para o “lado novo” na cidade, inclusive para um dos espaços de maior circulação urbana: a “praça dos Bois”. E dessa vez queremos sinalizar com o outro Brasil que renasce – o Brasil indígena. Um país que tenta redescobrir o futuro sem deixar ninguém para trás e que encontra nos povos da floresta o melhor exemplo de vida plena, para todos.
Sobre o artista:
Pito Silva é um dos mais completos artistas parintinenses. Um jovem talento que transita da arte de rua (a Street Art) até as referências mais acadêmicas, ensinadas pelo Irmão Miguel de Pascale às gerações de pintores e escultores locais. É graduado em Artes Visuais na Universidade Federal do Amazonas, professor de dança do Liceu de Artes Claudio Santoro – Unidade Parintins e organizador e de eventos e coletivos de artes nas periferias da cidade. Nos últimos anos tem participado de diversas exposições em museus e galerias no Amazonas.